terça-feira, 28 de agosto de 2007

CORREIO SENTIMENTAL - A SÉRIO!!!

Recebo várias cartas no Correio Sentimental. Até agora todas eles têm tido um teor mais ou menos cómico. São pessoas que gostam de pândega e que sabem que podem contar comigo para lhes dar troco. Hoje, pela primeira vez, chegou uma carta que presumo ser séria.

Bom dia, gostaria muito de ter a vossa ajuda acreditem mesmo que com o tempo uma pessoa possa mudar ? eu me chamo V. I. tenho 25 anos faço a dia 08/10/1981 fui mãe de um lindo rapaz a 5 meses atras a 7 anos conheci o pai do meu filho P. J. G. nasceu a dia 16/12/1980 mais sofri muito do lado dele até que decidi engravidar dele mais quando estava de 3 meses ele me deixou quando estava de 5 meses encontrei alguém que me tratou como uma rainha me ama muito mais nunca lhe amei tive o meu filho aos 4 meses do meu filho casei me com esse homem mais já antes disso o pai do meu filho lutou e insistiu para eu voltar para ele! antes nem pensava nele nem quis mais com o tempo já começa mós a nos dar bem já mesmo dormi com ele umas três vezes e a paixão ainda continua e ele está cada vez mais apaixonado por mim outra vez e ainda mais pelo o filho dele eu gosto do meu marido mais não o amo ele me irrita as vezes fico 2 ou 3 semanas sem lhe beijar antes de eu e voltar a falar com o pai do meu filho quando acabo de fazer sexo com o meu marido sinto me tão mal e um nojo de mim ele é boa pessoa mais não o amo nem consigo pensar viver a minha vida toda com ele alivia me quando ele vai sair ou não estou perto dele porque ele anda tão triste por esta situação que a tristeza dele me incomoda neste momento vivo com ele mais dormimos em quartos separados! de uma coisa tenho a certeza não quero mais estar com ele só se me dizerem que isto vai mudar e que ele é a minha alma gémea ele me ajudou muito e nunca lhe quero lhe magoar despropósito sobretudo que a minha mãe me faz pressão para estar com ele senão nunca mais vai me querer ver a minha cara .O pai do meu filho quer que eu vá viver com ele mais por mais que eu queira! tenho medo que no fundo ele continue a mesma pessoa o meu marido :L. nasceu a dia 11/12/1974. O que devo fazer por mim e pelo o meu filho que só tem 5 meses. dar uma chance ao homem que eu amo e assim fazer com que toda gente me vire as costas ou fico com o meu marido que não o amo mais que toda gente adora e sobretudo da cabo de mim a pena que ele me faz e a tristeza que lhe estou a causar ! ou fico sozinha a lutar contra tudo e todos.

V.



Querida V.,



Omiti os nomes que pôs na sua carta para proteger um pouco a sua privacidade. Em primeiro lugar, deixe-me que lhe diga que não estou habituada a receber pedidos de ajuda como o seu. Normalmente, as cartas que me chegam aqui são pura brincadeira. A única coisa que posso fazer é dar-lhe a minha opinião. Aqui vai.

Há muitas mulheres que gostam de emoções fortes na vida amorosa, de se sentirem "arrebatadas" mas acabam, invariavelmente, por se sentirem magoadas e traídas. Parece-me que esse pai do seu filho é um bocado "tóxico". As pessoas só mudam quando sujeitas a circunstâncias muito especiais. Se ficar com ele, garanto-lhe que não passará um dia sem que se sinta insegura e sem pensar que, a qualquer momento a pode deixar, como já fez na altura em que mais precisava dele. Por outro lado, acho que também não deve estar a enganar-se a si própria e a uma pessoa que gosta tanto de si - o seu actual companheiro. Se não o ama, o melhor que tem a fazer é separar-se dele e aprender a viver sozinha com o seu filho. Antes de se envolver com outra pessoa, assegure-se que se sente bem consigo mesma e não se esqueça que se deve respeitar a si própria e fazer-se respeitar pelos outros.
Espero que tudo lhe corra bem e vá dando notícias!
Desejos de felicidades para si e para o seu filho
Tia Manana

3 comentários:

Anónimo disse...

Querida V.

A minha opinião não foi pedida mas achei que a devia dar.
Pelo que entendi hoje está ao lado de um homem que gosta de si e do seu filho, no passado foi rejeitada por um outro homem, que ao faze-lo apenas mostrou não gostar de si e nem do próprio filho!

Acho que hoje deve ser a queria V. a virar as gostas a esse amor (que só deve existir no seu coração) e concentrar-se na pessoa que lhe deu uma grande prova de amor: aceito-a a si e ao seu filho.

O outro… ao início até pode ser diferente mas depois vai voltar ao normal…
Aprenda a amar o seu marido… e aqui entre nós partilhar a mesma cama é um bom começo!

Espero que tudo lhe corra bem e vá dando notícias!
Um beijo

Anónimo disse...

Do pouco que se pode recomendar nestas situações...julgo que deverá seguir a sua vida "sozinha" por algum tempo até esse turbilhão de sentimentos acalmar. Lembre-se do ditado...mais vale só que mal acompanhado/a. É um reaprender a viver se assim se pode dizer. Quando tudo estiver mais calmo verá as situações de uma forma mais racional e clarividente - não há nada que não passe com o tempo - e terá concerteza a oportunidade de tomar as decisões mais correctas tendo em vista o seu futuro e do seu filho, sem estar de parte conhecer uma nova pessoa que lhe de um novo entusiasmo pela vida :)

Felicidades e tudo de bom para si!

Anónimo disse...

Nunca ouvi dizer que macieiras dêm peras! Motivo pelo qual muito dificilmente acredite que o pai do seu filho mude (pese embora pense que ele pode ter fugido apavorado com o medo da responsabilidade de ser pai).
Também acho que a V. também muito dificilmente vai mudar - apesar de durante 7 anos ser maltratada pelo pai do seu filho, decidiu engravidar dele, talvez à espera de uma solução mágica dos seus problemas, solução essa que não existe por essa via. Dois meses depois de se ter separado, estava já a viver com outro companheiro (em que altura deitou contas à vida para saber que caminho devia seguir?) que a trata bem e ao seu filho, coisa que pelos vistos não valoriza. À primeira assobiadela do seu primeiro companheiro, aí foi a V. para os braços dele, cujas "qualidades" já conhece e encornando (não conheço outro termo) quem a tratou bem e lhe deu a mão.
Pergunta o que deve fazer. Aqui tem a resposta de uma mulher que já podia ser sua mãe.
Se quer continuar a ser maltratada, não hesite, saia de casa e vá para os braços do pai do seu filho. Com ele conhecerá a suprema felicidade do quanto mais me bates mais eu gosto de ti.
Se quer organizar a sua vida, procure ajuda especializada (através da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género www.cidm.pt, poderá encontrar quem a oriente), no sentido de deixar de gostar de quem a maltrata e de organizar a sua vida.
Organizar a sua vida passa necessariamente por organizar a sua cabeça e os seus sentimentos, ganhar auto-estima, respeitar-se a si mesma e exigir que a respeitem. Às vezes parece duro, mas é fabuloso olhar para o espelho e reconhecer que, afinal, o nosso destino está na nossa mão!

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