sábado, 5 de abril de 2008

O BARBEIRO


Não se trata de Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro de Fleet Street mas, com uma navalha na mão, este é igualmente perigoso, tendo em conta que não segue o mote do "se barbear, não beba". Para os homens que andam à procura de um penteado bem cool e vintage, ao estilo dos anos 80 (tipo texugo), e uma carótida cortada, o barbeiro aqui da minha rua é o técnico indicado.


Começou a trabalhar aqui, depois do pai, também barbeiro, ter morrido de tédio, à espera de clientes, sentado na cadeira onde lhes cortava o cabelo e fazia a barba. A partir desse dia, nunca mais houve descanso na rua porque ele criou a sua própria versão do cabeleireiro Facto, que inclui música aos berros, cerveja (que só ele bebe) e colou panfletos do seu "estabelecimento" nos 50 cm de perímetro, junto à porta. E pior - o Barbeiro começou a lançar o seu charme natural para cima das fêmeas cá do sítio e só acalmou quando a sua "respectiva" - que é uma versão drag do seu companheiro - o decidiu controlar de perto. É que é arriscado deixar sózinho um homem cujo expoente máximo da poesia é o clássico "E ainda dizem que as flores não andam!".


Depois de algumas tentativas de abordagem falhadas, conseguiu um dia aproximar-se de mim e disse: "posso finalmente meter conversa consigo? Sou o tipo mais mal comportado cá da rua, sou baixinho, sou gordinho, sou careca...". Deixei-o a falar sozinho, mas aposto que continuaria com "tenho pé-de-atleta, mau hálito, uma micose nos testículos e preciso urgentemente de rever as minhas noções de marketing".



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