sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Let the healing begin...


Só ontem é que a minha mãe percebeu o "mistério" d' A Minha Agenda. Aproveitou para me pedir desculpas e dizer o quanto se sentia culpabilizada por só ter percebido 20 anos depois o que eu tinha pedido no Natal da minha infância. Já que estávamos a falar de traumas natalícios, questionei a minha mãe sobre o drama de me oferecerem uma Barbie. Também pedi uma Barbie durante anos, mas só me davam umas imitações ranhosas. A minha mãe respondeu que achava que a Barbie era um brinquedo pouco educativo, mas que acabou por ceder. As imitações ranhosas também eram pouco educativas e tinham mais ar de prostitutas. Sim, porque a Steffi vinha apenas com um roupão vermelho e lingerie vermelha por baixo! Ao menos, a Barbie Veterinária tinha um ar mais decente!

Nunca percebi essa de acharem a Barbie um boneco pouco educativo. A Barbie é independente, trabalha e tem um namorado - e ela tem claramente um ar mais inteligente que ele. Tem as pernas compridas, cinturinha de vespa e é loura platinada, mas isso não quer dizer que todas as meninas aspirem àquela imagem. Eu também brinquei com um peluche do Snoopy e nunca desejei ser um beagle!

Ainda dentro dos traumas da minha infância, cá em casa não havia bonecas "choronas" porque a minha mãe acabava com as pilhas de tudo o que fosse brinquedo que fizesse barulho. Isto é que é pedagogia? Quando eu tiver um filho vou achar estranho que ele chore e vou tentar tirar-lhe as pilhas para ele não fazer barulho!

O que importa é que estes assuntos começaram a ser falados e isso já é meio caminho para a cura. Tenho esperança que este Natal me traga algum consolo para os meus traumas natalícios e que num "full circle moment" - como diz a Oprah - alguém me ofereça A Minha Agenda.

5 comentários:

Anónimo disse...

Filha
Estou fazendo um exercício de auto-flagelação ou uma confissão pública tipo PC. Nunca percebi que "A minha Agenda " que querias fosse diferente da minha agenda que eu tinha.Como me vias de agenda e pedias a minha agenda, julgava que me querias imitar. Por isso te dava agendas A4 e agendas de bolso de papel mortalha - qualquer uma delas passava, de imediato, a ser "a tua agenda"!
A coisa muda de figura quanto a essa coisa de peignoir vermelho de que não me lembro existir em nossa casa - lembro-me da Carina, do Nenuco, da Mafaldinha e de uma boneca de lã parecida com a minha Directora-Geral da altura, sobretudo no que se referia à falta de cabelo. O objectivo de uma boneca é permitir que a criança brinque com outra criança. É óbvio que a Barbie não cumpria os requisitos, a começar pelo aspecto físico - um esparguete, com mamas e cabelo louro, incapaz de se manter de pé apoiada nos seus próprios pés. Depois, na impossibilidade de lhe dar papinha, banho e outras coisas do género, restava a possibilidade de a vestir e despir, desenvolvendo um lado fútil que eu encerrei com dois gritos e a ameaça de um par de chapadões quando começaste a exigir um vison para a Barbie (é assim que elas depois acontecem!).
Quanto aos bonecos barulhentos, aprendi à minha custa com um piano, um xilofone, um tambor e um órgão que te ofereceu a tua família paterna. Restaram as pilhas ao robot mas não lhe deste muito uso.
Não tornaste público aqui que, na senda da igualdade de oportunidades e na defesa das questões de género, nunca te ofereci nem ferros de engomar nem vassouras, apesar de me chegares a falar nisso, para que não se desenvolvesse a mulher submissa que há ainda dentro de cada uma de nós. Para a troca ofereci-te um carro vermelho.
Penitencio-me, aqui, publicamente dos traumas d´"A minha Agenda". E de todos os outros que, involuntariamente te causei. Mesmo muito traumatizada não me pareces
um ser humano desequilibrado. Tirando a loucura que todos te conhecem, e relativamente à qual tens a quem sair, pareces-me até um ser humano muito bonito.

Unknown disse...

Pode ser uma já rascunhada?!...

Se sim, posso dar-te a minha.

Um feliz Natal!

Anónimo disse...

Minha querida Blé, gostei tanto do seu comentário que não posso deixar de lhe dar um grande beijnho e toda a minha solidariedade.
Conhece melhor que ninguém o specimem que tem para filha e, só nós sabemos, a freak que é, mas percebo que tente vender a ideia de não parecer "um ser humano desequilibrado". Por isto merece uma um grande beijinho e já agora conte-nos que traumas é que a Manana lhe provocou e Let the healing begin.

Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer.

MALTA BORA CONTAR OS TRAUMAS QUE TEMOS COM A MANANA.

É desta que será feita justiça...

Anónimo disse...

Madalena, minha Filha n.º 2!
Muito obrigada pela tua solidariedade.É sempre reconfortante saber que alguém nos compreende!
De acordo com os cânones da psicologia são as mães que traumatizam os filhos e não o contrário! Daí que não me posso queixar dos traumas causados pela Mariana.
No entanto, não posso deixar de confessar que há momentos em que me apetece jogá-la pela janela fora, nomeadamente quando repete a mesma frase até à exaustão.

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