O problema que me aflige é preocupantíssimo. Desde sempre segui certos ensinamentos acerca de como chegar (mais rapidamente) ao coração ou, ao menos, à zona entre-pernal das damas. Havia muitas estratégias, uma das quais consistia em ser um bom ouvinte, mostrar interesse por tudo o que elas tivessem para dizer. Interesse fingido, claro, mas o que conta são os fins e não os meios, certo? Certo...
Só que, após a minha última relação, entrei em periodo de pousio (ou período de nojo, como julgo ser denominado juridicamente) durante o qual só me encontrava com amigas e nem queria ouvir falar em sexo e hoje em dia dou por mim, automaticamente, por reflexo, a agir dessa forma com qualquer badalhoca ou one night stand. Mesmo que elas só queiram sexo, mesmo que sejam umas senhoras de moralidade muito duvidosa, dou por mim a mostrar interesse pelas suas histórias familiares, académicas, profissionais, de relações passadas... e continuo sem querer saber disso para nada!
Mas já é reflexo condicionado; em vez de atacar animalescamente (outro dos caminhos para atingir o vosso sexo) perco-me a ser "amiguinho" mesmo sabendo que assim não chego lá, mas já fiquei de tal forma habituado por ter seduzido muita dama assim e também por ser gajo para ter muitas amigas (e SÓ amigas) do belo sexo que já não consigo efectuar aquele "ataque ninja" que as minhas afilhadas de Letras tão bem conhecem...
Que fazer, Tia Manana? Como posso eu voltar a ser o monstro de outrora? Como deixar de ser o cavalheiro/amigo/conselheiro para voltar a ser o tarado cara-podre - ou, melhor ainda, para poder voltar a viver nessa utópica esquizofrenia sexual - o cavalheiro para quem gosta de dormir com cavalheiros, o tarado para quem gosta de dormir com tarados?
Ajude-me, por favor. Quando olho para o espelho vejo um otário desconhecido - que fazer, que fazer?
César Tesão
Peço desculpa pelo atraso da minha resposta, mas o seu caso é um pouco dificíl. À primeira vista, pareceu-me um caso "Dr. Jekyll e Mr. Hyde", mas depois de ler a sua carta pela segunda vez, apercebi-me que não se tratava de duas personalidades que convivem num só corpo, mas sim de uma metamorfose. Deixe-me dizer-lhe, querido César, que a vida pegou nessa alma de predador, deixou-a de molho em amaciador e transformou-o numa personagem digna dos "Ursinhos Carinhosos". E qual é o mal? Isso impede-o de fazer as suas conquistas? Só se você não for suficientemente inteligente. O que tem que fazer agora é abrir os braços a esse otário desconhecido que vê no espelho, porque esse otário é você!
Desejos de felicidades e muitas conquistas!
Tia Manana
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