Uma coisa que sempre me suscitou muito interesse é a sensibilidade do nosso povo em relação às palavras. O típico "tuga" até pode coçar partes menos próprias em público, cortar as unhas no autocarro (vou guardar esta para um próximo post), cuspir para o chão, mas escolhe muito bem as palavras que profere, sob um rigoroso critério de selecção. Já todos ouvimos um "queria ou quer?" em resposta a um "queria um café, se faz favor" ou, nos táxis, se dizemos: "era para a Praça do Saldanha, se faz favor" levamos logo com um "era? já não é?", seguido de um risinho idiota e irritante que pode até levar a um ataque fulminante de psoríase. Às vezes, ainda me dou ao trabalho de explicar a Modalidade Verbal (que aprendi com a Prof.Isabel Casanova, em Linguística Inglesa, na FLUL, e nunca mais me saiu da cabeça), mas desde que um taxista foi o caminho inteiro para minha casa a dizer que eu é que estava errada, comecei a ter mais tento na língua e na Língua.
Estas coisas das palavras acabam por ser uma moda. Assim como há desfiles de moda para nos mostrar as tendências da estação no que toca a roupa e acessórios, também deveria haver certames de palavras, para vermos qual é a modazinha irritante que vem a seguir. Nos tempos que já lá vão, a palavra "vermelho" estava associada aos Comunistas e, por isso, foi substituída por "encarnado". Fafá de Belém, começa já a preparar uma nova letra para a tua música "Vermelho". Sugiro um refrão: "Encarnado, Encarnadaço, Encarnadusco, Encarnadão".
Uma vez, reparei que um amigo meu pedia "um copo com água", em vez de "um copo de água", talvez temendo que o levassem à letra e que lhe trouxessem um copo feito de água, sem nada lá dentro. E que tal um copo de vinho?
Mas o último dos trends do nosso léxico é substituir o verbo "morrer" por "falecer". Há uns tempos fui corrigida por não sei quem porque disse que não sei quem tinha morrido: "não morreu, faleceu". Ah, claro. Não é a mesma coisa! "Falecer" não é tão grave como "morrer", embora as consequências sejam exactamente as mesmas e, habitualmente, irreversíveis.
A verdade é que também eu substituo o "aleijar" por "magoar" porque o "aleijar" está associado a um ferimento mais grave e "magoar" acaba por ficar mais bonito. Mas, sinceramente, tenho medo destas modas... "medo" não, "receio"...
Estas coisas das palavras acabam por ser uma moda. Assim como há desfiles de moda para nos mostrar as tendências da estação no que toca a roupa e acessórios, também deveria haver certames de palavras, para vermos qual é a modazinha irritante que vem a seguir. Nos tempos que já lá vão, a palavra "vermelho" estava associada aos Comunistas e, por isso, foi substituída por "encarnado". Fafá de Belém, começa já a preparar uma nova letra para a tua música "Vermelho". Sugiro um refrão: "Encarnado, Encarnadaço, Encarnadusco, Encarnadão".
Uma vez, reparei que um amigo meu pedia "um copo com água", em vez de "um copo de água", talvez temendo que o levassem à letra e que lhe trouxessem um copo feito de água, sem nada lá dentro. E que tal um copo de vinho?
Mas o último dos trends do nosso léxico é substituir o verbo "morrer" por "falecer". Há uns tempos fui corrigida por não sei quem porque disse que não sei quem tinha morrido: "não morreu, faleceu". Ah, claro. Não é a mesma coisa! "Falecer" não é tão grave como "morrer", embora as consequências sejam exactamente as mesmas e, habitualmente, irreversíveis.
A verdade é que também eu substituo o "aleijar" por "magoar" porque o "aleijar" está associado a um ferimento mais grave e "magoar" acaba por ficar mais bonito. Mas, sinceramente, tenho medo destas modas... "medo" não, "receio"...