Quando andava na faculdade e tinha aulas às 8 da manhã num pavilhão pré-fabricado que tinha rachas que atravessavam paredes, lembro-me de ter ido um par de vezes com um pijama por baixo da roupa. Classy, eu sei, mas tinha colegas que faziam a opção inversa. Hoje em dia - como isto está para dar o berro em 2012 - é Primavera o ano inteiro e já não nos lembramos dos Invernos em que poderíamos fazer mal-me-quer-bem-me-quer nos dedinhos dos pés por estarem tão gelados. Então, cada vez que baixa a temperatura, fala-se de "vaga de frio".
Sou contra as "vagas de frio". Está frio porque é altura de estar frio. Eu penso assim e o senhor motorista de táxi, que me trouxe a casa ontem, também pensa a mesma coisa e falou-me da época em que andava 5 quilómetros, descalço e de calções, com um saco de serapilheira às costas, para ir para a escola. Também mostrou a sua indignação pelo declínio da qualidade de vida: "Até os comeres [sic] estão todos estragados! Ainda há bocado fui almoçar a um restaurante e fiquei com uma diarreia que tive que ir a um monte fazer as necessidades". Claro, a louça sanitária é sobrestimada...
A culpa é nossa! Quiseram fixar as poupas com laca extra-forte nos anos 90, deram cabo da camada de Ozono e depois ficam muito chateados porque não podem usar as Havaianas em Dezembro. Não nos queixemos!
E agora, vou-me sentar ali ao pé do aquecedor que está um frio que não se pode.